APRENDENDO A APRENDER - HISTÓRIA DA PROGRAMAÇÃO

Como prometido, aqui está o primeiro de muitos posts que estarei lançando semanalmente, e por que não começar do início, já que para entender o que está acontecendo atualmente no mundo da tecnologia, também considero importante o que deu origem a esse universo.

UMA LINHA DO TEMPO

 
Desde os primeiros dispositivos de computação no início do século XX até as eras atuais com a IA na programação, a ciência da computação percorreu um longo e árduo caminho.

    A história tem suas raízes bem antes da era digital, com a concepção dos primeiros dispositivos de cálculo mecanizado. A década de 1920 teve marcos importantes com o advento do tabulador, que era uma máquina mecânica criada por Herman Hollerith, que podia processar dados armazenados em cartões perfurados. Esta foi uma das primeiras instâncias de instruções sendo usadas para manipular dados em uma máquina automatizada.

    Mas as verdadeiras contribuições para a programação de computadores surgiram com Ada Lovelace e Alan Turing. Lovelace era uma matemática inglesa, é frequentemente reconhecida como a primeira programadora do mundo. Ela foi a primeira a reconhecer que uma máquina, como o Mecanismo Analítico proposto por Charles Babbage, poderia ser programada para resolver problemas de qualquer complexidade, além de simples contas matemáticas por assim dizer.

    Ainda assim o termo "programação" ganhou real significado  com o trabalho de Alan Turing. Seus estudos sobre computação e algoritmos durante a década de 1930 estabeleceram as bases para a ciência da computação moderna. A Máquina de Turing, foi fundamental para entender o que os computadores poderiam fazer, mesmo que de forma teórica. Basicamente, ela poderia ler ou escrever símbolos em uma fita baseada em um conjunto de regras ou "PROGRAMA", desvendando o conceitos modernos do que hoje é programação.

    Após isso, na década de 1940, foram construídos os primeiros computadores eletrônicos, como o ENIAC, que foi usado durante a segunda guerra para cálculos de trajetória de artilharia. No final dessa mesma década, uma equipe de programadoras criaram a primeira linguagem de programação verdadeira, conhecida como Assembly, onde os computadores passaram a ser programados com códigos e não mais com a reconfiguração física para cada nova tarefa.

    Entre as décadas de 1950 e 1980, a programação passou por uma fase de crescimento acelerado e inovações revolucionárias. Nesse período, surgiram e se consolidaram diversas linguagens de programação que não apenas moldaram o campo, mas também continuam a influenciá-lo profundamente. Essas linguagens ajudaram a simplificar a comunicação entre humanos e computadores, movendo a programação de baixo para alto nível, o que aumentou tanto a produtividade quanto a criatividade dos programadores.

    Nos anos 1950, as primeiras linguagens de programação de alto nível começaram a ser criadas. Em 1957, a IBM lançou o FORTRAN (FORmula TRANslation), que se popularizou rapidamente. Focada em cálculos científicos e de engenharia, FORTRAN foi a primeira linguagem que permitiu que programadores escrevessem de uma forma mais próxima da linguagem humana, otimizando seu trabalho e tornando a programação mais acessível.

    Ao mesmo tempo, outras linguagens inovadoras foram sendo desenvolvidas. A LISP, criada em 1958 por John McCarthy no MIT, foi pensada para a pesquisa em inteligência artificial e destacou-se por introduzir o conceito de programação funcional. Em 1959, COBOL (COmmon Business-Oriented Language) foi lançada, voltada para o mundo dos negócios, com uma sintaxe que priorizava a legibilidade, facilitando o uso em sistemas comerciais.

    Na década de 1960, a criação de novas linguagens e paradigmas não parou. A linguagem ALGOL, precursora das modernas linguagens estruturadas, marcou essa época. Já o BASIC, criado em 1964, buscava tornar a programação acessível a usuários comuns, sem formação técnica, e foi fundamental no início da revolução dos computadores pessoais.

    Nos anos 1970, surgiram linguagens que se tornariam pilares da programação moderna. C, desenvolvida nos laboratórios Bell, foi uma dessas. Combinando eficiência e clareza, C influenciou diretamente várias linguagens subsequentes, como C++, C# e Objective-C. Pascal, uma linguagem projetada para incentivar boas práticas de programação, também marcou essa época.

    Já nos anos 1980, houve uma grande evolução com a introdução das linguagens orientadas a objetos, que permitiram modelar o software com base em "objetos" que combinavam dados e comportamentos. C++ foi uma das mais notáveis, incorporando a programação orientada a objetos e oferecendo uma solução poderosa para o desenvolvimento de sistemas complexos.

    Esse período de rápida evolução transformou a programação de uma atividade altamente especializada para uma prática cada vez mais acessível e difundida. Essas inovações abriram caminho para a próxima era de desenvolvimento, marcada pela programação orientada a objetos e orientada a eventos.

Ascensão da Programação Orientada a Objetos e a Eventos (1980s-2000s)

    A partir dos anos 1980 e durante a década de 1990, ocorreu uma mudança significativa no modo como os softwares eram projetados, com o advento da Programação Orientada a Objetos (POO) e da Programação Orientada a Eventos. Esses novos paradigmas permitiram a criação de programas mais modulares, reutilizáveis e eficientes.

    A POO organiza o software em torno de "objetos", que representam elementos do mundo real com estado e comportamento. Embora a Smalltalk, criada nos laboratórios Xerox PARC nos anos 1970, tenha sido pioneira nessa abordagem, foi com o C++ na década de 1980 que a POO começou a se popularizar na indústria de software.

    Nos anos 1990, a linguagem Java trouxe um novo marco na programação orientada a objetos, com seu lema de "escreva uma vez, execute em qualquer lugar". Java introduziu uma arquitetura independente de hardware, permitindo que o mesmo código fosse executado em diferentes sistemas operacionais.

    Paralelamente, a Programação Orientada a Eventos ganhou destaque, principalmente com o desenvolvimento de interfaces gráficas de usuário (GUIs) e aplicativos para web. Nessa abordagem, o fluxo do programa é determinado por interações do usuário, como cliques e teclas. Visual Basic, introduzido pela Microsoft em 1991, é um exemplo dessa abordagem, permitindo o desenvolvimento de aplicativos interativos para o Windows.

    Nos anos 2000, linguagens como C# surgiram para dar continuidade a esses paradigmas, combinando as vantagens da orientação a objetos e eventos com novos recursos modernos, facilitando o desenvolvimento de software complexo e interativo.

A Programação na Era da Nuvem e Dispositivos Móveis (2000s-2020s)

    As décadas de 2000 e 2010 foram marcadas pela ascensão da computação em nuvem e pelo desenvolvimento de aplicativos móveis. Essas inovações transformaram a maneira como os softwares são desenvolvidos, distribuídos e utilizados, gerando um novo conjunto de desafios e oportunidades.

    A computação em nuvem permitiu que aplicações fossem executadas em servidores remotos, em vez de no computador do usuário. Com a evolução da internet e o aumento da largura de banda, esse modelo tornou-se viável e popular. Plataformas como AWS, Google Cloud e Microsoft Azure ofereceram serviços completos de computação, armazenamento e banco de dados, facilitando o desenvolvimento de aplicações na nuvem.

    Simultaneamente, o desenvolvimento de aplicativos móveis ganhou grande relevância com o surgimento do iPhone em 2007 e do Android logo em seguida. As linguagens Objective-C e Swift tornaram-se essenciais para o desenvolvimento de aplicativos iOS, enquanto Java e Kotlin se estabeleceram como os padrões para o desenvolvimento Android.

    Frameworks como React Native e Flutter surgiram para simplificar o desenvolvimento de aplicativos multiplataforma, permitindo que os desenvolvedores criassem soluções para diferentes dispositivos com uma única base de código.

    Essas tendências exigiram que os desenvolvedores considerassem uma maior variedade de ambientes de execução e adaptassem suas habilidades aos desafios trazidos pela nuvem e dispositivos móveis.

Inteligência Artificial e Programação (2010s-2020s)

    Nos anos 2010, a Inteligência Artificial (IA) e o Aprendizado de Máquina (ML) ganharam enorme relevância no campo da programação, impulsionados pela disponibilidade de grandes volumes de dados e pelo avanço na capacidade computacional. Linguagens como Python, com seu suporte a cálculos científicos e bibliotecas poderosas como TensorFlow e PyTorch, tornaram-se fundamentais no desenvolvimento de sistemas de IA e ML.

    O Aprendizado Profundo (Deep Learning), uma subcategoria de ML baseada em redes neurais profundas, permitiu avanços impressionantes em áreas como reconhecimento de imagens e processamento de linguagem natural. Além disso, o paradigma da programação orientada a dados começou a ganhar força, influenciando o desenvolvimento de frameworks como React e Vue.js.

    Ao final da década, ferramentas como o GitHub Copilot, um assistente de programação baseado em IA, começaram a transformar o processo de desenvolvimento, sugerindo trechos de código e facilitando o trabalho dos programadores. O uso crescente de IA na programação tem o potencial de transformar profundamente a prática, permitindo que os desenvolvedores se concentrem em desafios mais complexos, enquanto as máquinas cuidam dos detalhes técnicos.

Esses avanços indicam que a colaboração entre humanos e IA será uma característica marcante do futuro da programação.







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

COMO ME INTERESSEI POR TECNOLOGIA

O CLIENTE DESINTERESSADO

FALTA DE COMUNICAÇÃO